Pular para o conteúdo principal

Tangíveis e intangíveis

Eu gosto das suas mãos em mim, das suas mãos no mouse, das suas mãos em tudo. Das suas mãos de artista cheias de robustez e delicadeza. Gosto da maneira cuidadosa com que faz tudo, você lida tão bem com cabos que me dá inveja. Conecta um com o outro e pronto! Enquanto eu ainda estou me atrapalhando pra trocar as pilhas do controle remoto. “Deixa que eu faço”, detesto quando diz isso, me salvando das minhas duas mãos esquerdas. É sempre uma mistura de ódio com alívio. Você corta a pizza, você é melhor que eu pra isso – eu admito. Tem um cuidado pras coisas que a minha natureza desastrada não tem, quem dera ter. Acho que nos completamos bem assim, enquanto eu contenho as águas dos buracos da alma, você coloca o lixo pra fora – literalmente!  Enquanto eu fico fazendo reflexões pra escolher um filme, me demorando com aquelas brincadeiras de “vai lá, vou fechar o olho o que escolher tá escolhido”, faço mil vezes até eu escolher de verdade – enquanto isso – você já abriu as cervejas, pediu a comida e está sentado, pacientemente, me esperando fazer qualquer coisa simples que eu sempre insisto em levar horas. Mas sabemos que o meu cuidado detalhado nos protege de muito e a sua praticidade resolvida também. Afinal, o que seria do sol objetivo sem toda aquela bagunça de cores do entardecer? (Mani Jardim - trecho de A Fresta de Minha Fossa Abissal)

Postagens mais visitadas deste blog

Meu ciganismo..

"Quando aparecem as pernas branquinhas e delicadas, as unhas impecáveis e os cabelos pretos brilhantes eu me sinto a Gata Borralheira. Pois é querido, eu não sou assim – dessas que fazem o tipo impecável, “mulher de médico”, que saem de casa de branco e voltam com a mesma tonalidade. Eu sou de Verão. Sim. Eu subo a serra, tenho os cabelos queimados do sol, sou bruta e de natureza quente. Falo mais do que devo quando estou nervosa e calo mais do que devo quando estou impressionada. Eu sou pra lambuzar os lábios e me comporto como um rinoceronte em uma loja de cristais. É sim, exatamente assim que sou. O bônus do meu grunge é a minha simplicidade, mas - calma baby - todo bônus tem um ônus e o meu é pura rusticidade. Se você não consegue ver beleza nas casas coloridas de Parati, se só se apaixona pelo modernismo bem cuidado de Niemayer esqueça, pois pra você eu sou muito feia."  (Mani Jardim)

...

“Ressinto-me de minha rebeldia, de minha revolta gratuita. Sou assim desde pequena, o bebe que não aceitava presilhas no cabelo. Cuja primeira palavra foi um sonoro e pontual: NÃO! Sei que preciso aprender a lidar com as cortinas da vida, mas minha terapia evolui “a passos de formiga e sem vontade”, porque gosto de ir parando no caminho. Eu que já personifiquei admito a minha sensibilidade excêntr ica, mas, acima de tudo, a minha ambição espiritual. Gosto de fidelizar sensações e escrevo para dizer que não me canso. Escrevo para afirmar, de forma cansativa, a minha persistência em ser incansável. As palavras que saem de mim não são verdades absolutas, não são teorias cientificas capazes de resolver equações complexas, tampouco trazem a cura de qualquer cólera vagabunda. Não! São sentimentos em ebulição, em busca de uma simbiose qualquer. Para o outro talvez sejam palavras sem a menor inter-relação, mas- para mim- são sangradas da alma. Reagem ao meu entusiasmo, transf...
Eu sou alguém que se mudou, ainda não sei bem pra onde. Às vezes temo ter me mudado de mim mesma, me sinto distante, não só dos meus, mas também das minhas... das minhas manias, das minhas alegrias, das minhas pedaladas, enfim, talvez das minhas gargalhadas. Estou buscando o caminho de volta, mas me perdi, não sei mais por onde seguir, penso que tem caminhos que a vida toma que transformam os antigos e, talvez, não tenha volta. O tempo passa, a vida muda... e é possível que eu tenha me mudado de mim e tenha me perdido em uma floresta grande e sem nada que faça com que eu me reconheça.  (foto: https://wallhere.com/)