Eu
gosto das suas mãos em mim, das suas mãos no mouse, das suas mãos em tudo. Das
suas mãos de artista cheias de robustez e delicadeza. Gosto da maneira
cuidadosa com que faz tudo, você lida tão bem com cabos que me dá inveja.
Conecta um com o outro e pronto! Enquanto eu ainda estou me atrapalhando pra
trocar as pilhas do controle remoto. “Deixa que eu faço”, detesto quando diz
isso, me salvando das minhas duas mãos esquerdas. É sempre uma mistura de ódio
com alívio. Você corta a pizza, você é melhor que eu pra isso – eu admito. Tem
um cuidado pras coisas que a minha natureza desastrada não tem, quem dera ter.
Acho que nos completamos bem assim, enquanto eu contenho as águas dos buracos
da alma, você coloca o lixo pra fora – literalmente! Enquanto eu fico fazendo reflexões pra
escolher um filme, me demorando com aquelas brincadeiras de “vai lá, vou fechar
o olho o que escolher tá escolhido”, faço mil vezes até eu escolher de verdade
– enquanto isso – você já abriu as cervejas, pediu a comida e está sentado, pacientemente,
me esperando fazer qualquer coisa simples que eu sempre insisto em levar horas.
Mas sabemos que o meu cuidado detalhado nos protege de muito e a sua
praticidade resolvida também. Afinal, o que seria do sol objetivo sem toda
aquela bagunça de cores do entardecer? (Mani Jardim - trecho de A Fresta de Minha Fossa Abissal)
“Ressinto-me de minha rebeldia, de minha revolta gratuita. Sou assim desde pequena, o bebe que não aceitava presilhas no cabelo. Cuja primeira palavra foi um sonoro e pontual: NÃO! Sei que preciso aprender a lidar com as cortinas da vida, mas minha terapia evolui “a passos de formiga e sem vontade”, porque gosto de ir parando no caminho. Eu que já personifiquei admito a minha sensibilidade excêntr ica, mas, acima de tudo, a minha ambição espiritual. Gosto de fidelizar sensações e escrevo para dizer que não me canso. Escrevo para afirmar, de forma cansativa, a minha persistência em ser incansável. As palavras que saem de mim não são verdades absolutas, não são teorias cientificas capazes de resolver equações complexas, tampouco trazem a cura de qualquer cólera vagabunda. Não! São sentimentos em ebulição, em busca de uma simbiose qualquer. Para o outro talvez sejam palavras sem a menor inter-relação, mas- para mim- são sangradas da alma. Reagem ao meu entusiasmo, transf...