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Mostrando postagens de dezembro, 2013

Tangíveis e intangíveis

Eu gosto das suas mãos em mim, das suas mãos no mouse, das suas mãos em tudo. Das suas mãos de artista cheias de robustez e delicadeza. Gosto da maneira cuidadosa com que faz tudo, você lida tão bem com cabos que me dá inveja. Conecta um com o outro e pronto! Enquanto eu ainda estou me atrapalhando pra trocar as pilhas do controle remoto. “Deixa que eu faço”, detesto quando diz isso, me salvando das minhas duas mãos esquerdas. É sempre uma mistura de ódio com alívio. Você corta a pizza, você é melhor que eu pra isso – eu admito. Tem um cuidado pras coisas que a minha natureza desastrada não tem, quem dera ter. Acho que nos completamos bem assim, enquanto eu contenho as águas dos buracos da alma, você coloca o lixo pra fora – literalmente!  Enquanto eu fico fazendo reflexões pra escolher um filme, me demorando com aquelas brincadeiras de “vai lá, vou fechar o olho o que escolher tá escolhido”, faço mil vezes até eu escolher de verdade – enquanto isso – você já abriu as cervejas, pediu

Um lobo e eu!

"Não quero ser campeão mundial de suicídios nem ser Homo sapiens. Isto está out, é cafonérrimo. Eu sou de lua e pra ela que o lobo uiva." (Lobão - 50 anos a Mil)
"Você tem que saber que eu quero é correr mundo Correr perigo Eu quero é ir-me embora Eu quero dar o fora..."

Eu, você e a desordem

Pare de alimentar as borboletas azuis do meu estomago. Deixe-as em paz. Pare de bagunçar minhas ideias, minha rotina e meu trabalho. Pare já com isso! Não tem graça ou talvez tenha, mas pare – estou mandando! Você sabe eu não tenho lógica, gosto de café amargo no verão e chocolate extra doce no inverno. Está tudo um regaço por aqui, parecendo quarto de adolescente reprimido. Preciso reunir cada peça jogada e você aí fora fazendo festa, me confundindo ainda mais.  Desliga esse despertador, por favor. Pare de me dizer que já é hora de dizer aquilo que eu preciso dizer. Sem pressa, não me apressa! Na minha cabeça tudo não passa de um emaranhado de equações malucas e eu sempre desisto antes do denominador final, sabe bem disso. Não sou assim tão simples, tão lucida e tão sucinta. (Mani Jardim - trecho de A Fresta de Minha Fossa Abissal)

Sem título, sem nada e sem tudo o que há no nada

Não, eu não sei o que dizer a você. E não me olhe com esses olhos de ironia, não pense que é fácil não saber, não ter nenhuma pista qualquer pra dar norte as minhas manias bipolares. Eu nem mesmo oscilo. Ah, quem dera oscilar... Pelo menos eu estaria optando por algo, mas não, nem isso. Sim, tenho medo de criar raiz na encruzilhada, medo de não regressar nem seguir a diante. Medo de ir embora e medo de abrir a porta. Meu coração traidor nem mesmo me ajuda, parece um catatônico congelado aqui dentro, mas você sabe que a culpa é sua. Foi você quem lhe deu desdém embrulhado em uma caixinha bonita. Você sabe. Pois talvez tenha sido isso, talvez seja esse o motivo dele não dar qualquer sinal de vida. Acho que vou precisar decidir sem ele, então não me peça mais pra escolher com o coração, por favor. Respeitemos o fato dele estar na UTI, mas oremos pra que ele volte um dia, quem sabe. (Mani Jardim - trecho de A Fresta de Minha Fossa Abissal)

Divã

Ele me perguntou sobre os meus planos e eu contei. Dei de costas e comecei ali a refletir sobre o gozo e o descontentamento. No destilar das palavras algumas lembranças despertaram um vento gelado nas entranhas, desses que a barriga arrepia.  Pois é, o divã estava ficando pequeno pra tantas indagações. Ele já não sabia mais se era eu ou o avesso. Coisa de dezembro, coisa de fim de ano e cólica menstrual. Dizem que poeta tem dessas coisas (e acho que aspirante de poeta também), de ficar bisbilhotando a vida, de achar pelo em ovo e espremer o sentimento de tudo. O período que anuncia encerramento traz também uma dose homeopática de adeus reprimida. É quando um suspiro longo faz um 360° na mente confundindo as ideias.  E como confunde! Na retrospectiva você se da conta do que foi bom, do que foi ruim e do que não foi.  Pra quem tem uma queda pro “dramalhão” é um prato cheio. E a minha dimensão dramática acentua as coisas, eu sei, eu admito. Confesso, a agonizante certeza de q