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Divã


Ele me perguntou sobre os meus planos e eu contei. Dei de costas e comecei ali a refletir sobre o gozo e o descontentamento. No destilar das palavras algumas lembranças despertaram um vento gelado nas entranhas, desses que a barriga arrepia. 

Pois é, o divã estava ficando pequeno pra tantas indagações. Ele já não sabia mais se era eu ou o avesso. Coisa de dezembro, coisa de fim de ano e cólica menstrual. Dizem que poeta tem dessas coisas (e acho que aspirante de poeta também), de ficar bisbilhotando a vida, de achar pelo em ovo e espremer o sentimento de tudo.


O período que anuncia encerramento traz também uma dose homeopática de adeus reprimida. É quando um suspiro longo faz um 360° na mente confundindo as ideias.  E como confunde! Na retrospectiva você se da conta do que foi bom, do que foi ruim e do que não foi.  Pra quem tem uma queda pro “dramalhão” é um prato cheio. E a minha dimensão dramática acentua as coisas, eu sei, eu admito.


Confesso, a agonizante certeza de que aquele não era o fim do mundo também perturbou. Não sei por que, mas acho que a desgraça coletiva é confortante de alguma forma. De qualquer maneira, essa página está longe de ser a última, está mais pra abertura de um novo capítulo. Bienvenido seja!
(Mani Jardim - trecho de A Fresta de Minha Fossa Abissal)

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