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Nunca Mais

As atuais implantações colocam em pauta assuntos de resgate. Sem dúvida, o País está diante de seu momento de glória. O “merthiolate”aplicado sobre velhas feridas desfaz amarras importantes, que esquecidas, foram capazes de corroer silenciosamente o nosso sistema. A morosidade deu lugar à ação, que propõe uma nova política alicerçada em propostas combativas e menos covardes.
A começar pela plausível decisão do Supremo Tribunal Federal, que aprovou a constitucionalidade de cotas para negros no ensino superior. A atitude nos permitiu sair do lugar comum, livrou-nos do rótulo de democracia de desiguais e deu passos importantes rumo à igualdade e justiça.
De volta aos trilhos da racionalidade, assistimos a outra importante vitória. A recente nomeação dos integrantes da Comissão da Verdade firmou a consolidação de uma proposta corajosa, que faz justiça ao passado e resgata a história do País.
A certeza de que só se vence uma guerra estando nela nunca foi tão priorizada em nossa história. Preparados ou não, nos próximos anos estaremos no alvo. A ascensão econômica aliada ao posicionamento estratégico e às recentes conquistas são dilemas que também exigem da população uma maturidade muito maior. O velho conselho de mãe nunca nos vestiu tão bem, o alertar de que quanto mais poder se tem, mais responsabilidade se adquire nunca latejou tão forte em nossas veias.
Convencida a esticar o resgate referido ao universo cultural, aponto a “nova paixão musical” da juventude como importante sinalizador dessa teoria. A observável valorização do rap, o conceito atinge hoje uma autonomia jamais imaginada. Seu público “é todo mundo” e sua voz agora canta em todas as casas, sem limites sociais.
Diante de um cenário favorável e de ouvidos menos preconceituosos é que um dos maiores porta-vozes da periferia, Mano Brown, reforça a aceitação do momento e apresenta seu novo trabalho “Marighella”,a música homenageia o guerrilheiro morto na ditadura, Carlos Marighella e seu clipe será gravado na Ocupação Mauá.
Repare a semelhança dos fatos: cotas raciais, Comissão da Verdade, economia acessível, ascensão do rap, Mano Brown, Carlos Marighella e ditadura.
A contestação é inevitável. Estamos diante de um cenário que privilegia a reparação dos estragos do passado. Finalmente, podemos afirmar que vivemos em um País cuja história é valorizada, em um País cujos ídolos não são mais importados. Somos uma nação que ao afirmar sua conquista econômica afirma também sua conquista histórica e cultural.
(Mani Jardim)

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